Há uma mulher no campo
E há um homem escondido
Atrás de uma arvore
A espreitar aquele esforço suado
Tentador no seu olhar
Que não sai das vestes
Pouco notadas
A deixar adivinhar
Os prazeres do calor.
Mulher de cabelos negros, soltos e de espanto
Homem tentado num só sentido
Ela de joelhos pousados
Saia a cobrir um traseiro bem levantado
Ele já a sonhar em a levantar
A mão a dançar nas suas calças
Já bem excitadas
A tentar imaginar
Os calores de corpos em amor.
Ela a colher cenouras, a esfrega-las em gesto repetido
Ele a imitar a malandrice num êxtase duramente vivido
O calor aperta, os olhos parados
Naquele sonho sentado
Aquele decote tão aberto, como que a chamar
Os seios a pedir a liberdade das alças
Corpo semi-desnudado
A querer aproveitar
A natureza em flor.
Mas eis que o tempo prega partidas
A chuva cai devagarinho naquela pele tão apelativa
Ela deixa-se ficar deitada, o tronco um pouco levantado
Ergue a saia, as belíssimas coxas a sentirem o prazer da água
Ele como que hipnotizado
Pela imagem sedutora e lasciva
Faz a sua mão dançar num tom mais apressado
Mas a chuva torna-se maldita, ela parte
E ele expulsa do seu corpo
A paixão molhada junto a uma já saudosa mágoa.
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